Espanha: uma vitória para enterrar a fama de amarelar na hora da decisão

Estamos onde merecemos, falta o último passo’, afirma Puyol. Del Bosque exalta formação de jovens valores espanhóis como Pedro, Busquets e Piqué
Falta uma vitória para a Espanha conseguir o título inédito da Copa do Mundo. Uma conquista que acabaria também com uma velha e incômoda fama da Fúria: a de time que amarela na hora da decisão. A equipe de Vicente del Bosque se diz pronta para isso e acha que finalmente a seleção chegou ao nível dos clubes do país, principalmente Real Madrid e Barcelona, que sempre são apontados como favoritos nos torneios que disputam.
A fase da Fúria começou a mudar em 2008, quando venceu a Eurocopa sob o comando de Luis Aragonés. O técnico saiu, mas a base dos convocados continuou a mesma. O fracasso na Copa das Confederações, ano passado, voltou a colocar dúvidas sobre o desempenho da Espanha no Mundial: favorito, o time perdeu para os Estados Unidos e nem chegou à final.
Del Bosque aproveitou o sucesso do Barça, que tem encantado o planeta com Pep Guardiola nos últimos anos, e montou sua seleção com Piqué, Puyol, Busquets, Xavi e Iniesta como titulares absolutos. A fórmula deu certo na África do Sul. Na semifinal, o treinador ainda colocou Pedro no lugar da estrela Fernando Torres. Contando com David Villa, recém-contratado pelo clube catalão, eram sete jogadores do Barcelona entre os 11. Os outros eram do Real Madrid (Casillas, Sergio Ramos e Xabi Alonso) e Villlareal (Capdevilla). Dos 23 da lista da Copa, apenas três atuam fora do país, na Inglaterra (Torres e Reina, do Liverpool, e Fábregas, do Arsenal).

Sergio Ramos e Puyol não acreditam: EUA eliminam a Fúria na Copa das Confederações (Getty Images)
- O Campeonato Espanhol sempre teve um alto nível e os jogadores locais competem com os estrangeiros. Os grandes nomes não são mais só os estrangeiros. Nossos clubes sempre tiveram hegemonia nos campeonatos, e agora a seleção está chegando nesse patamar. É um momento de alegria para nossa sociedade como um todo - comemorou Del Bosque.
Mesmo com a derrota na Copa das Confederações, a Fúria liderou o ranking mundial da Fifa de novembro de 2009 a março de 2010, quando perdeu o posto para o Brasil e voltou para o segundo lugar - onde estava de julho a outubro de 2009. Antes, havia ficado 12 meses na primeira colocação (julho de 2008 a junho de 2009).
A melhor fase da Espanha em sua história havia sido em 1964, quando venceu a Eurocopa pela primeira vez. Na final no Santiago Bernabéu, a seleção bateu a União Soviética por 2 a 1, com um gol de Marcelino aos 39 do segundo tempo (Pereda e Khusainov marcaram nos minutos iniciais da partida). Depois, a Fúria passou a ser favorita várias vezes. Mas sempre amarelando.

Espanhóis levantam troféu da Euro-2008 (Getty)
Em 1984, perdeu a decisão do torneio europeu por 2 a 0 para a França. Conseguiu o segundo título em 2008, com 1 a 0 sobre a Alemanha. Até 2010, a Espanha nunca tinha chegado em uma final de Copa do Mundo e sua melhor posição havia sido em 1950, com o quarto lugar. A estreia na decisão será domingo, contra a Holanda, às 15h30m (de Brasília), no Soccer City, com expectativa de quebra de todos os recordes de audiência da televisão no país.
- Será um jogo importante para todos nós, para o futebol espanhol. Estamos onde merecemos, falta o último passo. Vamos entrar com muita vontade e esperança - disse o zagueiro Puyol, autor do gol que garantiu a vitória de 1 a 0 sobre a Alemanha na semifinal.
Para Del Bosque, um fator importante para a mudança de mentalidade dos espanhóis é a aposta nas divisões de base. O ex-técnico do Real Madrid acredita que os clubes e a seleção do país aprenderam que a revelação de jovens valores é fundamental para o sucesso no futuro. E os frutos estão sendo colhidos agora. Nomes como Mata (22 anos), Busquets (21), Pedro (22), Martinez (21) e Piqué (23) são nomes certos para 2014.
- Avançamos na formação de profissionais, como técnicos, e no investimento nas divisões de base. E os resultados têm aparecido - concluiu Del Bosque.