quarta-feira, 9 de junho de 2010

Em seis passos, como vencer o Brasil



Derrotar a seleção brasileira que disputará a Copa do Mundo é missão inglória. O último revés da equipe treinada por Dunga aconteceu em outubro do ano passado, contra a Bolívia, com time misto e na altitude de La Paz. Antes disso, a Brasil perdeu no longínquo junho de 2008, no Paraguai. Com Dunga, o Brasil enfim perdeu uma de suas piores características nos últimos anos: a imprevisibilidade. Para muitos, falta brilho no time atual. Mas é impossível não reconhecer que a seleção de hoje é equilibrada e confiável.

Nenhum rival deve esperar que o Brasil faça uma partida desastrosa neste Mundial, como a da vexatória eliminação contra a França, em 2006. Sua consistência defensiva e organização tática fazem dele um time regular e equilibrado. Mas é impossível bater a seleção? É evidente que não. Quem acompanhou de perto os amistosos realizados no Zimbábue e Tanzânia notou os caminhos que podem levar a um triunfo contra os líderes do ranking da Fifa. A seguir, listamos seis atalhos para superar o Brasil. Que os técnicos Kim Jong-hun, da Coreia do Norte, Sven Goran Eriksson, da Costa do Marfim, e Carlos Queiroz, de Portugal, não adotem a receita.

1) Explorar as deficiências de Felipe Melo. O volante pode ser a chave do cofre para quem vai enfrentar o Brasil. Confuso e atabalhoado nas tentativas de desarme, tem errado passes em frequência alarmante. Pior: ocupa uma posição delicada no campo, logo à frente da zaga. Aproveitar uma bobeira dele e roubar a bola nessa faixa do gramado pode colocar um atacante com apenas Lúcio ou Juan no caminho para o gol. Se esse atacante for Drogba ou Cristiano Ronaldo, o risco é enorme. Até as fracas seleções do Zimbábue e Tanzânia se aproveitaram disso e chegaram várias vezes na cara do goleiro. Como bônus para o adversário, o intempestivo Felipe faz faltas duras demais e costuma cair nas provocações dos inimigos. Pode ser expulso de forma boba e colocar tudo a perder.

2) Manter Robinho longe da grande área. O camisa 11 nunca foi um dos artilheiros da seleção, mas agora desandou a fazer gols. Do trio ofensivo que carrega nos ombros a responsabilidade por furar as defesas rivais, é o que chega à Copa mais inspirado – trocou as pedaladas e fintas excessivas por um jogo mais agudo, consciente e objetivo. Pode brilhar na Copa – ainda mais se estiver próximo do gol, onde pode finalizar ou dar assistências preciosas para Luís Fabiano.


Robinho marca contra a Tanzânia: agora ele virou goleador


3) Dispensar os cruzamentos para a área. Perfeitamente entrosados, Lúcio e Juan, que jogam sua segunda Copa seguida lado a lado, rebatem as bolas altas com notável facilidade. Ainda têm a ajuda de Maicon e Gilberto Silva, altos e bons no jogo aéreo – e, em última instância, do goleiro Júlio César, especialista em espalmar os golpes de curta distância. Um adversário que se limita aos chuveirinhos é tudo o que a defesa brasileira quer.

4) Não tentar anular Kaká, mas sim Luís Fabiano. A principal figura do Brasil tem um jogo vertical e objetivo. A dupla com o Fabuloso funciona à perfeição desde os tempos de São Paulo, há quase uma década. O centroavante sabe se apresentar para tabelar e fazer o pivô ou disparar na hora certa para receber as enfiadas de bola do camisa 10. Cercar Luís Fabiano de forma implacável vai forçar Kaká a achar outros parceiros. Assim, o craque acaba se limitando a trocar passes laterais com os volantes, num jogo cadenciado que não combina com seu estilo.

5) Empurrar um atacante para o seu lado esquerdo, direita da defesa do Brasil. Maicon tem vigor de sobra para guardar sua lateral com segurança e ainda atropelar na frente. Se não tiver com quem se preocupar na defesa, se manda para o ataque e passa a ser um legítimo ponta. Portugal, por exemplo, pode colocar Cristiano Ronaldo naquele setor, anulando uma das grandes qualidades do Brasil.

6) Evitar cometer faltas diagonais ao seu gol. O Brasil tem dois cobradores que podem resolver um jogo chutando dali – Michel Bastos pela direita e Daniel Alves pela esquerda. Michel já mostrou que se deu bem com a leveza da bola Jabulani. No Zimbábue, marcou um gol extraordinário; na Tanzânia, disparou um tiro de canhão que deixou o goleiro desesperado.

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