Apesar de chegar à semi da Libertadores, Fossati não conseguiu deixar o time imprevisível. Com Roth, força de marcação e bom trabalho ofensivo
Os torcedores mais empolgados dirão que o Inter mudou da água para o vinho. Outros que a principal evolução está no espírito. O fato é que a mudança de comando durante a pausa para a Copa do Mundo transformou o Colorado em finalista da Libertadores da América. Nesta quarta-feira, o time pode ser bicampeão. Basta um empate com o Chivas, do México, no Beira-Rio, às 22h. A vantagem foi conquistada na semana passada, com a vitória por 2 a 1, em Guadalajara.
O Colorado chega à decisão num trabalho a quatro mãos. As duas primeiras de Jorge Fossati. Foi o uruguaio quem levou a equipe até as quartas de final, meio aos trancos e barrancos, maltratando os colorados de tanta ansiedade, mas levou. As outras duas de Celso Roth, que pode chegar ao título em quatro jogos. Tiro curto e vitorioso.
Depois se superarem o São Paulo, na semifinal, os jogadores lembraram de Fossati. Reconheceram que ele teve participação importante na caminhada que pode culminar com a conquista expressiva.
- Não podemos esquecer o Fossati. Ele nos levou longe também. E agora temos a experiência do Roth ao nosso lado. Muitas pessoas criticaram a contratação dele, mas não podemos falar nada antes de ver o trabalho – disse o zagueiro e capitão Bolívar.
Jorge Fossati deixou o comando do Inter depois de uma derrota para o Vasco, no Campeonato Brasileiro, antes da Copa. Na ocasião, o time carioca era dirigido justamente por Celso Roth. Convidado, o treinador foi seduzido pelo projeto vermelho e abraçou a causa. Jogou, apostou alto, como ele mesmo disse.
- Quem ganhou com isso tudo foram os jogadores, que tiveram a oportunidade de trabalhar com dois grandes treinadores – afirmou o atacante Alecsandro, também após a semi.
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De olho nessa mudança de comando, o GLOBOESPORTE.COM convidou André Rocha, do Blog Olho Tático, para analisar as diferenças entre o Inter de Fossati e o de Roth.
- A obsessão por organização e risco zero deixava a equipe de Fossati muito previsível. As combinações ofensivas invariavelmente terminavam com tabelas ou triangulações pelos lados e bolas levantadas para Alecsandro concluir ou preparar para um companheiro. Muito pouco para a qualidade do elenco colorado. A frieza da equipe tangenciava a apatia e a indiferença. A verdade é que faltou química entre time e treinador, mesmo com a classificação para a semifinal do torneio continental.
André Rocha enxerga um time mais encorpado, vibrante e dedicado com Roth. Tudo isso sem deixar de aproveitar a eficiência ofensiva de um grupo qualificado.
- O novo treinador, que já havia realizado um bom trabalho no clube em 1997, remontou a equipe gaúcha com a intensidade, a fibra e a força de marcação que caracterizam seus times, mas com um trabalho ofensivo mais vistoso e eficiente, baseado em manutenção de posse de bola, intensa movimentação e troca de passes curtos que procuram com paciência a brecha na retaguarda do oponente. Um misto de Argentina, Uruguai e Espanha com um toque brasileiro.
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