De saco cheio, Scolari pede mudança e elege seus cúmplices em campo

Treinador pede palmeirense com mais identidade com o clube e aponta Marcos, Danilo, Edinho e Marcos Assunção como seus líderes
O técnico Luiz Felipe Scolari mudará um pouco seu perfil com os jogadores palmeirenses. Depois de um mês de adaptação, o treinador afirmou na tarde desta sexta-feira, na Academia de Futebol, que passará a cobrar mais de seu elenco. A primeira providência de Felipão foi eleger seus "cúmplices" e "olhos" dentro de campo. Na busca por um grupo com mais identidade com o Palmeiras, o treinador alçou o goleiro Marcos, os volantes Edinho e Marcos Assunção e o zagueiro Danilo como seus líderes em campo.
Esses jogadores apontados por Scolari terão a missão de passar as dificuldades da equipe ao treinador, além de terem seu aval para cobrar os outros atletas dentro de campo. A decisão de criar um grupo de confiança surgiu depois da derrota para o Vitória, pela Sul-Americana, no Barradão.
- Pretendo que eles tomem conta da equipe em campo e que tomem decisões. Às vezes eu não sei o que se passa. Conversei com esses jogadores por mais de uma hora. O Marcos tem o espírito palmeirense. O Assunção é um atleta experimentado, com liderança e não está aqui para passar vergonha. Tem o Danilo também e o Edinho, que foi campeão da Libertadores e Mundial (pelo Internacional, em 2006). Esses jogadores têm espírito de comando e empreendedor em campo. Os outros vão saber agora como vai funcionar, e eles vão ter o meu respaldo para muitas coisas. É uma imagem que quero ter de time, forma de jogar e a vontade que eles já me passaram.
Desde que voltou ao Palmeiras, Felipão ainda não conseguiu vencer com a equipe. A última vitória do time foi sobre o Santos, com Scolari observando o time das tribunas e Flavio Murtosa, seu auxiliar, na beira do gramado. Depois disso, o time teve duas derrotas (Avaí, pelo Nacional, e Vitória, pela Sul-Americana) e quatro empates (Botafogo, Ceará, Corinthians e Goiás, todos pelo Brasileiro).

Os escolhidos de Felipão: Marcos, Marcos Assunção,
Danilo e Edinho (Foto: Editoria de Arte)
No torneio internacional, que vale vaga na Taça Libertadores de 2011, a equipe precisa vencer o Vitória por três gols de diferença na partida da próxima semana, no Pacaembu, para avançar à segunda fase. Antes disso, o time tenta se recuperar no Brasileiro neste sábado, às 18h30m, contra o Atlético-PR, no estádio paulistano - atualmente ocupa a 13ª posição no campeonato, com 16 pontos.
As mudanças de Felipão em relação ao time começam já na noite desta sexta-feira, na concentração alviverde. No hotel, os atletas tomarão conhecimento das novas decisões de Scolari e conversarão com a psicóloga Regina Brandão, encarregada de apresentar um perfil detalhado do elenco no fim do ano
- Não vim para o Brasil para passar vergonha. Vim porque acho que tenho condições, porque acredito que o Palmeiras é uma das melhores equipes e porque confio nos atletas. É ir para campo e trabalhar. Venho todo dia carregado de energia, mesmo derrotado. Mostro como enfrentar torcida e jornalistas de peito aberto. Quando não há receptividade do que se passa, é preciso fazer as trocas. Perder mais ou menos, é perder da mesma maneira - comentou o treinador.
Com a ajuda de seus atletas de confiança e da psicologia, Felipão quer resgatar um espírito que, na visão dele, anda esquecido. O treinador quer mais comprometimento e fibra dentro de campo e até mesmo nos vestiários.
- Falta um pouco de espírito palmeirense, espírito de briga, até dentro dos vestiários. Ter identidade maior com o Palmeiras e honrar a camisa. Tem de expor a cara para saber o que queremos e como queremos. Tenho carisma e a torcida tem tido paciência pela minha história. Mas até eu estou começando a ficar de saco cheio comigo mesmo. O tempo está passando e estou começando a conversar com os jogadores de forma diferente. Primeiro foi o período de adaptação, mas agora vem a cobrança e a exigência. Se não for assim, vamos ter dificuldades em todas as competições.